sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A casa do quintal

Ao ler e comentar uma mensagem no blogue da Rita, lembrei-me da infancia em casa da Avó Manuela e do Avô Gi.
A mudança da modesta casa do quintal para a enorme casa da vila foi uma grande perda para nós crianças. Perdeu-se o meu baloiço feito pelo pai, aquelas linhas de montagem a depenar galinhas no quintal na altura da matança, as brincadeiras do tanque onde acabávamos sempre encharcados e com a avó aos gritos, as corridas de caricas, os passeios de bicicleta até á porta da quinta...
... nunca mais o nuno perdeu outro dente contra o muro a seguir à meta das corridas dos carrinhos de rolamentos. Acho que nunca mais contei os sinais da careca do avô. Apesar de nunca acertar no nºque ele lá sabia valia-me sempre uma moeda para gastar "à da Joaquina" (um bom método para me calar diariamente durante 15min).
Deixou de haver coelhos e as galinhas estavam só na fazenda. Perdemos a Velha Nogueira e a Olga Maria, uma Osga que nos visitava nos longo serões que tinhamos no quintal, mas mais que tudo nunca mais andamos a cavalo na arca do corredor...

Era uma arca onde se guardava o enxoval forrada a pelo de vaca. O tampo era dividido em três, o que para nós nitidamente fazia três selas. A Adriana já era demasiado adulta para brincar comnosco, ao que o Nuno liderava a caravana, seguido pela Inês e depois eu que era a mais nova. Eu imaginava sempre um cenario à Texano, com cowboys com cordas e laçadas a atacarem indios. Entretanto lá vinha a Manela a gritar e metia-nos nos quintal porque dentro de casa não se brincava... só na rua! Aqueles 10 minutos de imaginação valiam-nos o dia!

Pena que o Gustavo já chegou tarde para poder experienciar a infancia na casa do quintal com o avô Gi. As memórias que ele irá guardar da casa da vila certamente que irão espelhar uma casa vazia e sem vida, tal como as minhas... Até hoje estou certa que apesar de nunca ninguém o admitir a mudança de casa terá sido um dos maiores arrependimentos dos meus avós.

2 comentários:

rita disse...

:)

belas memorias! beijinhos

dina disse...

lá que o Gustavo ia gostar, isso ia.
agora a avó é que não.
a "tadinha" já deve estar a fazer quantas ao dia em que vai voltar para o alentejo :=) (vamos buscá-la hoje, se não apanhar nenhuma infecção até às 17h, claro)